Ainda me reconheces?

"Ah Ah! Ainda me reconheces?!"
- Não esqueço a tua cara suja.
"Ainda fazes aquelas tuas preces?"
- Oh! Faço tudo aquilo que mereces.

"Ainda tens sempre as mãos frias?"
- Sabes que o sangue corre-me devagar
"Quando cruzavamos olhares, lembras-te como te rias?"
- Sim, só nunca percebi porque sofrias...

"Não percebias? Eu amava-te!! "
- Desculpa mas nunca te disse que te aceitava
"Por isso sofria mudo. E chamava-te... (-----)
- Que querias que eu fizesse?! Matava-te?!

"Não. Mas se fosse preciso para te esquecer..."
- Oh! Pára de dizer asneiras!
"Não, falo sério. Se deixasse de sofrer..."
- Pois! E achar mesmo que o conseguiria fazer?!

"Dependeria da tua compaixão por mim."
- Continuas um utópico, já vi!
"Por outro lado, é certo, o amor um dia me impunha um fim"
- Estás-me já a chatear. Não tenho compaixão por ti, então;
que o teu amor te mate e me dê paz, isso sim!!

"Quem és tu?
Já não conheço essas mãos frias que me acariciam a face
Sinto só espinhos que me arranham e te tiram o disfarce,
Quem és tu?"

A Noite Ama-te

Uma visão manchada de preto
Um olhar tão facilmente evitado
Se caminhares à noite naquela estrada
Vais querer não ter lá voltado

Por entre um caminho desconhecido
A sinfonia da noite reclama-te.
A reflexão interrupta e as vibrações o dizem:
"A Noite Ama-te!"

Amor é então "o" escuro...
Nunca saberás por onde vais,
Num canto pode estar a maldade... ou a tristeza ,
Por isso tem cuidado senão cais!

Contudo és guiado pela mão
Por algo que nunca viste
E numa lenta dança de sofrimento,
Nem diabo percebeu porque te riste.

"Who am I?
Where do I come from?
I am Antonin Artaud
and I say this
as I know how to say this
immediatly
you will see my present body
burst into fragments
and remake itself
under ten thousand notorious aspects
a new body
where you will
never
forget me."

Antonin Artaud