sábado, fevereiro 17, 2007

O Filho da Puta do Meu Quarto Vazio – Parte




Sei que quero sair
Tenho a força nas não o poder
Há já algo a comandar-me
Não sei bem o que é…

Sei que quero fugir
Está tudo visto neste quarto
Mesmo estando ele vazio
Não sei bem o que tem

Conformado com este estado
Apaixonado pelo nada
Conformado com este estado
Apaixonado pelo nada

Como se ama algo que não existe?
Como se ama algo que não se sente?
Como é possível sentir o inexistente?

Com um corpo nem sempre presente
Custa manter uma mensagem em forma
De expressão facial, em sorriso talvez…
Quando nada se sente.

Quando o amor se confunde com solidão
E a confusão da tristeza pelo desespero, pela dor
Quando há demasiados sentimentos para um só corpo,
Para uma só mente…

Daí a vontade de querer a expansão metafísica.
De querer abrir a porta do quarto já visto e revisto
E contudo...
O MEDO!

O MEDO instala-se.
Acaba sempre por se instalar e fixar-se em mim

Prende-me ao subsolo do meu ser
E convence-me de que lá fora seria pior
Acabo apático e só!
Feliz por saber que a razão é a melhor cegueira para a loucura.
EU: “Talvez gostasse de uma vida feita de razão…”

E o MEDO diz-me: “ Pá isso é uma loucura, é deixar de saber o que se é!”

EU: “Mesmo quando já não se sabe o que é ou o que são as coisas?!
O que são as coisas?! De que temo eu então?!!”

MEDO: “Temes perder essa noção que subitamente a adquiriste.
Porque te lembraste de pensar na razão do ser.
Por isso temes a loucura, temes duvidar da existência das tuas próprias questões, do teu próprio pensamento e do teu próprio corpo.
Sabes que se isso acontecer já nada mais fará sentido.
A SOLIDÃO será cruel e a vontade de morrer inevitável.
TERRIVEL TRAGÉDIA!
APAIXONADA OBCESSÃO!

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

THE MENT

terça-feira, setembro 26, 2006

Na Solidão


Sem desenvolvimento possível
Na euforia dos carros
Ardido pelos cigarros
E afogado na solidão

Sentimento de não ser
É o mais prevalente
Não ser corpo, mas mente
Camuflado na solidão

E o corpo não presta!
Obstrui a mente!
E é a dor que está presente,
Presente na solidão

E é a sorte que não existe
Assassinada pelo azar
É uma falta de ar
Dentro do cubículo da solidão

Uma asfixia lenta
Inevitável para mim
É o cansaço de tentar
E a vontade de chegar ao fim.

terça-feira, março 21, 2006

Conversa com o homem que anda com a mão na cabeça


- “Para que anda com a mão na cabeça? É para ela não lhe cair?!”
- “Não. Não seja ridiculo!”
- “Então? Não percebo... Você é que está a ser ridiculo.”
- “É só para lhe estar a tocar.”
- “Para quê? Para ver se não saiu do sitio?!”
- “Não. Para não deixar de a sentir. Não me quero esquecer dela.”
- “Mas isso é um absurdo! É mesmo necessário?!”
- “É.”
- “Mas porquê?! Não percebo...!”
- “É necessário para que eu não me esqueça de mim, para que a minha mente sinta e não se afaste do meu corpo.”
- “Está doido!”
- “(...)”
- “Mas afinal o que lhe aconteceria se tirasse a mão da cabeça?”
- “A minha mente se confundiria com o meu corpo e apoderar-se-ia dele. Deixaria de existir, no fundo.”
- “Por favor... Não seja tão catastrófico! Na verdade ficaria era sem saber onde pôr essa mão e o que fazer com ela... À quanto tempo anda nisso?”
- “Desde que me conheço.”
- “Ah! E quando foi isso?”
- “Quando pus pela primeira vez a mão na cabeça...”
- “Pois... isso deve ter sido à muito tempo!... Olhe eu acho que você devia procurar ajuda.”
- “Não. Não preciso de ajuda. É só a minha forma de sobreviver.”
- “Óh homem ganhe juizo! Você acredita mesmo nisso?!”
- “Experimente.”
- “Para quê? Não delire.”
- “Experimente.”
- “Se isso lhe servir como prova de que nada mudará em mim, eu faço-o... Veja!... Vê?”
- “(...)”
- “O que me está a acontecer? Ajude-me por favor...”