terça-feira, abril 05, 2005

Conversa com o cinzeiro



- Olá. Então?
- Tá tudo!
- Tás atrasado..
- Pois eu sei... desculpa lá. (...) Era um café, sff.
- Se não estivesse à tua espera diria que já te vi passar aqui em frente umas poucas de vezes, era um gajo mesmo parecido contigo.
- Era eu.
- Tu?! Então porque não entravas? Que estavas a fazer?
- Estava a pensar.
- Hã?! Em quê?
- (...)
- Ya, tasse, tu é que sabes.
- (...)
- Já vais acender essa merda?! Vais-me queimar...
- É a tua função, esqueces-te?!
- Pois... E o curso?
- Vou-me safando...
- Pá desculpa lá mas tu não estás bem! O que foi?
- Não é nada.
- Fogo, diz!
- Já sentis-te, ao falar, que não eras tu que falavas?
- Bem... não. Eu também só falo contigo...
- Oh, não estás a perceber. Tipo, já te sentis-te preso, em que outro alguém falava e agia por ti? Em que o teu ser/mente estava dentro doutro alguém e condicionado pelas suas vontades?
- Ei! Ao menos não deites a cinza para o chão! Ya, acho que já li sobre isso em algum lado...
- E depois, sentes-te um nada! Uma marioneta! Percebes? Impotente, acorrentado ao corpo... Queria sair daqui! Já viste o que era um universo só de "mentes"?! Vontades, pesadelos, sonhos, sentimentos... Tudo livre!!
- Pois mas isso não dá, não é?
- (...) Não percebes o que te digo!
- Ei não me queimes! Pára!
- Já está! Antes em ti que no chão.
- Então já vais?!
- (...)
- Foda-se! Xau também para ti!
- (...)